sexta-feira, 29 de abril de 2011

SEMPRE PALESTRAS MAIO 2011

PALESTRAS GRATUITAS

04/05 – Quarta-feira – “Os benefícios da fonoaudiologia para a estética facial” – Fonoaudióloga Miriam Teresinha Pinheiro da Silva. Início às 18h30

11/05 – Quarta-feira – “Os Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH” – Psicóloga Sandra Delanni. Início às 18h30

17/05 – Terça-feira – “Orientação profissional” – Psicóloga Juliane Pariz – Início às 18h30

25/05 – Quarta-feira – “As trocas na fala” – Fonoaudióloga Daniela Fantin – Início às 18h30


Inscrições prévias pelo fone (51) 3019.9630 ou pelo e-mail cliniviva@via-rs.net

quinta-feira, 14 de abril de 2011

BULIMIA NERVOSA E OS DISTURBIOS VOCAIS

O termo bulimia é bastante antigo, sendo derivado do grego bous (boi) e limos (fome), referindo, assim, a um apetite muito grande. Bulimia Nervosa, também conhecida popularmente como Bulimia é um transtorno alimentar.

Caracteriza-se por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de alimentos em um curto espaço de tempo (comer compulsivo ou episódios bulímicos). Nesses episódios, por vezes secretos, o paciente perde o controle sobre si, sendo freqüente a escolha por alimentos que “desçam rápido e facilmente” pela garganta, já que há pouca mastigação. Após esse descontrole, sentimentos como culpa, vergonha, medo de engodar e raiva, vem a tona e o sujeito faz uso de métodos compensatórios, tais como, vômitos auto induzidos, uso de laxantes e/ou diuréticos, jejum e prática de exercícios extenuantes, como forma de evitar o ganho de peso. Acomete principalmente o sexo feminino na adolescência e idade adulta.

Como esses pacientes geralmente apresentam no mínimo de 02 a 03 episódios bulímicos por semana, algumas complicações físicas podem ser apontadas, sendo as mais comuns, inflamação na garganta (efeito do vômito); face inchada e dolorida (aumento das glândulas parótidas/salivares); cáries e lesões no esmalte dentário; desidratação, cansaço, desmaios, dores musculares, câimbras (desequilíbrio eletrolítico); vômitos com sangue e em casos mais graves, óbito.

A causa exata para esse transtorno, ainda é desconhecida, já que existem múltiplos fatores envolvidos, podendo ser citados os aspectos psicológicos, biológicos, familiares e culturais.

Por vezes, o diagnóstico se dá tardiamente, uma vez que, o paciente bulímico pode apresentar peso normal ou até estar acima do peso. Os episódios de comer compulsivo, seguido de métodos compensatórios, geralmente são “secretos ou negados”, permanecendo, assim, escondidos da família, amigos, colegas. O bulímico, passa a evitar comer em público, optando pelo isolamento e distanciamento social, por ter vergonha de seus sintomas. Com essas atitudes, o sujeito a tornar-se cada vez mais introspectivo, o que pode levar a depressão e em casos mais extremos, ao suicídio.

O tratamento deve ser multidisciplinar, incluindo psicoterapia individual ou grupal (técnicas cognitivo-comportamental), terapia familiar (para auxiliar na recuperação do paciente), farmacoterapia (antidepressivos) e abordagem nutricional (visando aquisição de hábitos alimentares mais saudáveis) e sendo assim, interrompendo o ciclo compulsão alimentar/purgação.

O prognóstico a longo prazo para os bulímicos é ligeiramente melhor do que para os anoréxicos e a taxa de recuperação é considerada maior. No entanto, muitos pacientes continuam a manter um pouco esses comportamentos alimentares anormais na dieta, mesmo após o período de recuperação.

Como prevenção para esse transtorno, pode-se pensar em uma diminuição na busca pelo “corpo perfeito”, tanto no âmbito cultural como familiar. É importante divulgar informações a respeito dos riscos de dietas rigorosas, de remédios “milagrosos” que visam o emagrecimento, já que eles podem desempenhar um importante papel no desencadeamento dos transtornos alimentares.

A inclusão do tratamento fonoaudiológico, nos casos de bulimia nervosa, ocorrerá quando houver o refluxo. O processo de reabilitação tem como objetivo ajustar o uso dos comportamentos vocais.

O sintoma mais frequente do refluxo laringofaríngeo( RLF) é a ocorrência de disfonia, rouquidão, tosse seca, disfagia ( dificuldade para deglutir), lesões inflamatórias nas pregas vocais, laringite, amigdalite, leucoplasia, carcinoma, granulomas, úlcera de contato, nódulos vocais, pólipos vocais.

Os sinais e sintomas decorrentes da bulimia nervosa podem ser múltiplos. Na cavidade oral podem apresentar manifestações clínicas, em consequência dos vômitos auto-induzidos, que incluem a xerostomia, irritações da mucosa oral, sensibilidade dental à mudança de temperatura, cáries radiculares. As estruturas próximas ao esôfago também podem ser afetadas pela ação do vômito e do refluxo laringofaríngeo, especialmente a laringe, a faringe e os pulmões, devido a aspirações, apnéia, pneumonia recorrente, asma, em meio a outras complicações.

As revelações clínicas agregadas à bulimia nervosa esta sujeito a quantidade e frequência da regurgitação gástrica realizada pelo bulímico. O pigarro e a tosse crônicos que surgem em reação à irritação laríngea provocada pelo refluxo laringofaríngeo podem conduzir aos quadros de laringites e disfonias igualmente titulada de distúrbios vocais.

Na área fonoaudiológica não há muitos estudos de casos sobre este tema, mas sabemos que as sequelas que o sujeito pode apresentar são prejudiciais para a sua comunicação e qualidade de vida.

Márcia P. de Oliveira – CRP 14085/07

Psicoterapia de Orientação Analítica


Miriam Teresinha Pinheiro da Silva – CRFa/RS 6037

Mestranda em Linguagem, Interação e Processos de Aprendizagem

Especialização em Motricidade Orofacial

Aperfeiçoamento em Voz

Conselheira do CREFONO7 – Gestão 2010-2013

REFERÊNCIAS

  • Bacaltchuk J, Hay P. Tratamento da bulimia nervosa: síntese das evidências. Revista Brasileira Psiquiatria. 1999.
  • Behlau M, Feijó D, Pontes P. Disfonias psiquiátricas. In: Behlau M. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2005.
  • Balata P, Colares V, Petribu K, Leal MC. A bulimia nervosa como fator de risco para distúrbios da voz: artigo de revisão. Revista Brasileira Otorrinolaringologia. 2008.
  • Behlau M, Feijó D, Pontes P. Disfonias por refluxo gastroesofágico. In: Behlau M. Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter; 2005.
  • Classificação Internacional de Doenças – CID-10. ArtMed. Porto Alegre: 1997.
  • Cordas, Táki Athanásios (et al.). Anorexia e Bulimia. O que são? Como ajudar? Um Guia de Orientação para Pais e Familiares. ArtMed. Porto Alegre, 2000.
  • Cunha, Lara Natacci. Anorexia, Bulimia e Compulsão Alimentar. Atheneu. Rio de Janeiro, 2000.
  • Ferreira CP, Gama ACC, Cunha CF, Santos MAR. Disfonia e bulimia: avaliação dos sintomas e sinais vocais e laríngeos. Revista Sociedade Brasileleira de Fonoaudiologia, 2009.
  • Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno s Mentais (DSM-IV-TR). Artes Médicas. Porto Alegre, 2002.
  • Papalia & Olds. Desenvolvimento Humano. ArtMed, Porto Alegre, 1998.
  • Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Insaciáveis. Anorexia, Bulimia e Compulsão Alimentar. Ediouro. Rio de Janeiro, 2009.